Aí eu cresci, ouvi muita gente me dizer que contos de fadas são bobagens, que príncipe encantado não existe, que todos os homens são pilantras, que casamento perfeito é ilusão e que se a princesinha quiser ser salva dos magos do mal e das bruxas, ela tem que deixar de lado seu espartilho e seu vestido pomposo e lutar por suas próprias forças, sem ajuda de mais ninguém, ela tem que aprender a ser independente e esquecer essa história de príncipe e princesa num final feliz.
Por alguns momentos, pensei que isso fosse verdade, que contos de fadas fossem tolice... Mas hoje eu percebo que mais tolo é quem não acredita neles. Se eu vivo em um conto de fadas? Vivo sim. A princesa não é lá grande coisa; o castelo da princesa não é tão bonito, não tem torres, nem serviçais, nem pontes, nem nada disso; o príncipe não vem em um cavalo branco (nem de outra cor) e nem é perfeito; os magos do mal não querem a princesa para si apenas para tomar conta do reino, o sentimento é mais complexo; as bruxas não são todas feias e nem odeiam o príncipe, bem pelo contrário, tudo o que elas queriam era que ele fosse o príncipe delas; o príncipe não derrota os magos do mal e as bruxas usando armas materiais; nem sempre a princesa está correndo grandes riscos e nem passa o tempo todo trancada em um castelo; lutar contra magos e bruxas não é a parte mais difícil da vida do príncipe e da princesa, atualmente há mais coisas com o que se preocupar (será que vamos ter dinheiro pra casar?); as fadas madrinhas não tem poderes especiais, nem asas (na maioria dos casos); os dragões geralmente são dragões apenas no sentido figurado, então não apresentam perigo; o princípe e a princesa brigam de vez em quando; enfim, muita coisa mudou entre os contos de fadas que eu ouvia quando criança e o que eu vivo hoje, mas uma coisa essencial nos contos permaneceu seguindo a tradição de séculos: o amor sempre vence e só por meio dele se alcança felicidade.